domingo, 30 de setembro de 2012

Deus atende os nossos pedidos?

Evidentemente que sim. Há vários versículos na Bíblia que nos asseguram que todas as nossas petições serão atendidas por Deus. Destacarei um versículo específico que nos encoraja a persistir em nossos pedidos “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Mateus 7:7). Partindo deste versículo, podemos deduzir que o próprio Jesus nos encoraja a sermos persistentes e constantes em nossos pedidos até que eles sejam atendidos.

Infelizmente muitos deixam de ter os seus pedidos atendidos por Deus porque desistem de persistirem até o fim. É natural desejarmos que nossos pedidos sejam atendidos prontamente. Não temos paciência em esperar e pensando que Deus não ouviu os nossos pedidos acabamos desistindo.

Deus sabe o momento certo de satisfazer os nossos desejos. Quem tem um relacionamento íntimo com Deus sabe que jamais será decepcionado “Porque aquele que pede recebe; e o que busca encontra; e, ao que bate, se abre” (Mateus 7:8). Como vê, devemos ser persistente e nunca perder a esperança. Mesmo que os dias, os meses e os anos passem devemos manter acesa a esperança de sermos atendidos.

Há um propósito quando Deus demora em atender os nossos pedidos. Um deles é que ele deseja que nós entendamos que somos dependentes dele. Nós não temos vida própria, precisamos de Jesus para vivermos “Eu sou a videira verdadeira, e meu pai é o lavrador” (João 15.1). Aqui está claro que para vivermos devemos ter uma vida de dependência com Deus.

Por quê desistir de nossos pedidos quando somos totalmente dependentes de Deus? Se o galho se separar da figueira certamente ele morrerá. Mas se o galho permanecer ligado ao tronco da figueira ele passará a se confundir com ele. Isso é possível porque há uma harmonia neste relacionamento e tudo que o galho necessita o tronco fornece na medida certa. Ao olharmos para uma figueira podemos ver os frutos e as folhas verdes cheias de vida. Assim somos nós quando estamos harmoniosamente ligados a Cristo. Naturalmente devemos ser imitadores de Cristo.

O tronco da figueira realiza seus desejos através dos galhos pois, são nos galhos que as folhas e os frutos florescem. Assim somos nós em relação a Jesus. A partir do momento que nos tornamos íntimos passamos a conhecer quais são as nossas verdadeiras necessidades. Tudo que não for do nosso alcance Deus nos ajudará a conquistar para que possamos produzir bons frutos. Se estivermos ligados na figueira verdadeira os desejos de Deus passam também a ser os nossos. Dentro desta harmonia, os nossos pedidos jamais serão contra a vontade de Deus.

Nós somos os galhos e Jesus é o nosso tronco. Só temos vida porque estamos ligados a Jesus. Por isso, semelhantemente aos galhos da figueira só conseguiremos produzir bons frutos quando nosso relacionamento for harmonioso com a figueira verdadeira. Quem não produz bons frutos não pode estar ligado a Jesus “Toda a vara em mim que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto” (João 15:2). Aqui está o alerta para examinarmos a nós mesmos.

Assim como o tronco da figueira fornece tudo que é necessário ao galho para que ele floresça e produza frutos, assim é o nosso Deus, ele suprirá todas as nossas necessidades. Devido a nossa intimidade com Deus, todos os nossos pedidos serão de acordo com sua vontade, pois através deste relacionamento, intuitivamente pediremos somente aquilo que Deus deseja para nós.

Quem é de Deus sabe que ele é atencioso e não lhe deixa faltar nada “O Senhor é o meu pastor; nada me faltará” (Salmos 23:1). Por isso, devemos pedir de forma correta e sermos gratos a Deus por tudo que ele nos tem proporcionado. Quando lemos que “nada me faltará”, isso significa que Deus satisfará todas as nossas necessidades e não necessariamente todos os nossos desejos.

Celso Novaes

domingo, 18 de março de 2012

A Mulher de Jó

Jó foi um homem real, ele viveu na terra de Uz e sua história inicia afirmando que ele era “homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desviava do mal (Jó 1:1). Em seguida, no versículo 8, o próprio Deus confirma que “ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desviava do mal” (Jó 1:8). Esta afirmação foi feita por Deus a Satanás que colocava em xeque a fidelidade de Jó, ou seja, Satanás ousadamente afirmava para Deus que a fidelidade de Jó estava alicerçada em sua situação privilegiada de homem rico.

Como sabemos, Deus permitiu que Satanás tocasse em tudo que Jó possuía “Disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está em teu poder; somente contra ele não estendas a mão. E Satanás saiu da presença do Senhor” (Jó 1:12).  Depois de Satanás tocar em tudo que Jó possuía e o mesmo não blasfemar contra Deus, Satanás mais uma vez tem a ousadia de afrontar Deus dizendo que se tocar nos ossos e na carne certamente ele não resistiria e blasfemaria. Diante de tal ousadia, Deus permite que Satanás tenha pleno poder sobre a vida de Jó, no entanto, Satanás não teve autorização para tocar em sua vida. “Disse o Senhor a Satanás: Eis que ele está em teu poder; mas poupa-lhe a vida” (Jó 2:6).

A partir da permissão de Deus, Satanás iniciou seu ataque veroz contra Jó. Jó era casado, tinha família constituída, tinha filhos e era muito próspero. Em todo o Livro de Jó não é citado o nome de sua fiel companheira. Nem mesmo em toda a Bíblia encontramos a informação de seu nome.

A história de Jó tem como ênfase o seu sofrimento, no entanto, não devemos esquecer do sofrimento de sua companheira. Evidentemente que Jó foi o alvo de Satanás, mas, tanto ele quanto sua esposa perderam num só dia servos, bois, jumentas, ovelhas, camelos, filhos e filhas. Satanás impôs um ataque fulminante contra o casal.

A dor e o sofrimento não foi apenas de Jó mas, também, de sua fiel companheira, uma vez que ela também sentiu no profundo de sua alma o impacto dos ataques de Satanás. Com certeza ela teve um papel muito importante no cenário trágico vivido por seu esposo, apesar dela ter recebido apenas um só versículo em todos os 42 capítulos que compõem o Livro de Jó. “Então, sua mulher lhe disse: Ainda conservas a tua integridade? Amaldiçoa a Deus e morre” (Jó 2.9).

Quando sua esposa lhe disse para amaldiçoar a Deus e morrer (Jó 2.9), Jó continuou sereno e repreendeu-a com carinho, dizendo: “falas  como qualquer doida” (Jó 2.10a). Veja que Jó não chamou sua esposa de doida, mas sim, que ela falava com tal. Jó não presenciou insanidade em sua fiel companheira pois, esse não era o comportamento normal dela. Sua atitude foi em decorrência de circunstâncias anormais que ambos estavam vivendo.

Prosseguindo em sua repreensão ele conclui para sua esposa: “temos recebido o bem de Deus, e não receberíamos também o mal?” (Jó 2:10b). Por isso que no final deste mesmo versículo está escrito: “Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios” (Jó 2:10).

Um fato curioso é que no capítulo 42, apenas os três amigos de Jó são repreendidos por Deus (Jó 42:7). Em todo o Livro de Jó não há indício de que Deus repreendeu de forma direta a sua fiel companheira. Mas, o que podemos constatar é que sua esposa foi seu grande apoio durante todo o seu sofrimento e provação. Observe que era ela que preparava o alimento que saciava a fome de Jó mantendo-o vivo fisicamente. Era ela que ajudava na higienização de seu corpo fétido e suportava o seu mau hálito.

Jó não tinha a companhia constante de seus irmãos mas, com certeza ele tinha a companhia de sua dedicada esposa. Com certeza ela sofria profundamente vendo a situação deprimente de seu marido. Talvez sua dor fosse muito maior por não ter condições de fazer algo para amenizar o sofrimento do seu fiel companheiro. A situação de Jó era trágica e insuportável “O meu hálito é intolerável à minha mulher, e pelo mau cheiro sou repugnante aos filhos de minha mãe” (Jó 19:17).

Assim, podemos constatar que sua esposa sofria intensamente. Talvez, ela sofria muito mais do que ele. Logo, diante de tal situação ela certamente se desmoronou e como uma doida (ela não era e nunca foi doida), viu que a solução para o fim do sofrimento intenso do marido fosse a morte. Certamente que esta atitude foi um ato impensável. Diante do infortúnio que se agravava a cada dia, ela não suportou presenciar o definhamento gradual do esposo. O seu pedido foi num momento de indignação, desequilíbrio e insensatez. Com o tempo, o próprio Jó caiu em profunda depressão e não via nenhuma perspectiva de ter a vida restaurada “O meu espírito se vai consumindo, os meus dias se vão apagando, e só tenho perante mim a sepultura”(Jó 17:1).

Nem todos se comportam da mesma forma diante de uma tragédia. Talvez se Satanás tivesse desafiado a Deus sobre a integridade da mulher de Jó, Deus jamais teria permitido que ele estendesse sua mão sobre ela. Por outro lado, Deus permitiu que Satanás estendesse sua mão sobre Jó porque ele sabia que Jó suportaria toda e qualquer provação e jamais blasfemaria contra Deus.

Mesmo quando Jó amaldiçoa o dia do seu nascimento e se contende com Deus, ele não deixa de ser um homem fiel e temente a Deus. Mesmo quando ele lamenta a miséria em que caiu e se queixa do trato de Deus ele não peca contra Deus.

Jó era fiel a Deus e também a sua mulher “Fiz aliança com meus olhos; como, pois, os fixaria eu numa donzela?”(Jó 31:1). Nota-se que Jó era um homem integro e fiel também a sua esposa.

A mulher de Jó sofria de forma intensa porque não podia fazer nada para aliviar as dores do marido. Num momento de desepero ela desejou que a morte o separasse dela. Ela foi repreendida pelo esposo e continuou fiel a ele. Tanto que no final quando Deus restaura a prosperidade de Jó (Jó 42:10-13), lemos claramente que tudo que Jó perdeu, com relação aos bens materiais, Deus o restitui em dobro "e o Senhor deu-lhe o dobro de tudo o que antes possuíra" (Jó 42:10b). Com relação aos filhos, lemos que Jó "(...) teve outros sete filhos e três filhas" (Jó 42:13). Note que o texto diz que Jó teve "outros sete filhos e três filhas" e não o dobro dos mesmos. Por dedução, podemos dizer que os primeiros dez filhos não foram perdidos mas, Deus os tomou para si.

Em todo o Livro de Jó não encontramos indício de que Deus deu outra esposa para Jó, ou que o mesmo tenha escolhido uma outra. Certamente Jó continuiu com sua fiel companheira. Outra curiosidade é que Jó morreu “velho e farto de dias” (Jó 42:17). Por algum motivo, Deus não nos revela como morreu a mulher de Jó.

Celso Novaes

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Dízimo, um dever do cristão?


Muitos pastores citam Malaquias para declarar a obrigatoriedade de se contribuir com o dízimo e abertamente acusam os membros não contribuintes de ladrões “Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, vós, a nação toda” (Malaquias 3:8 e 9). Evidentemente que alguém estava roubando a Deus nos dízimos e nas ofertas. Esta afirmação é do próprio Deus. Mas, quem são esses ladrões?

No final do versículo 9, do capítulo 3 de Malaquias está escrito: “a nação toda”. Esta nação, com certeza não se refere ao Brasil, mas especificamente a nação de Israel, uma nação do Antigo Pacto que tinha por obrigatoriedade guardar toda a Lei Mosaica e, por consequência, contribuir com o dízimo.

Note que Malaquias era um profeta da lei e Jesus afirmou que a lei e os profetas duraram até João “Porque todos os Profetas e a Lei profetizaram até João” (Mateus 11:13). No entanto, isto não quer dizer que não devemos mais contribuir em nossas igrejas. Na dispensação da graça, devemos contribuir com alegria e com o valor que propormos em nossos corações.

Os pastores também citam as palavras que Jesus dirigiu aos fariseus para justificar o dever dos seus membros contribuírem com os dízimos. Mas, se prestarmos bem atenção ao texto bíblico podemos constatar que Jesus está tratando de assuntos da Lei e não de assuntos referentes ao Novo Pacto “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!” (Mateus 23:23). Quando Jesus disse: “fazer estas coisas, sem omitir aquelas” trata-se de assuntos da Lei e estes assuntos não fazem parte do Novo Pacto ou da dispensação da graça. Aqui Jesus se dirigiu para judeus que estavam sujeitos a Lei. O Novo Pacto só iniciou quando Jesus ressuscitou, portanto, tudo que Jesus disse foi dirigido exclusivamente para os fariseus e não para os cristãos de hoje.

Por outro lado, o Novo Testamento nos ensina de forma clara e objetiva: “não estais debaixo da lei, e sim da graça” (Romanos 6:14b). A lei obriga e manda que todos os israelitas contribuam com os dízimos. O Novo Pacto é muito mais perfeito porque não nos obriga a nada, mas, nos convida a contribuir conforme o propósito do nosso coração.

O Velho Pacto já passou e hoje vivemos sob um Novo Pacto. “Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei.” (Gálatas 5:18).

Outro argumento que a maioria dos pastores utilizam para obrigar seus membros a contribuir com os dízimos é que o dízimo surgiu antes da Lei “Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; era sacerdote do Deus Altíssimo; abençoou ele a Abrão e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos. E de tudo lhe deu Abrão o dízimo” (Gênesis 14:18 a 20). Assim, com base na leitura acima, concluem os pastores que o dízimo ainda hoje é um dever dos cristãos.

Uma curiosidade: a circuncisão e o dízimo surgiram antes da Lei. Com relação a circuncisão, basta lermos Gênesis 17:10-14 para confirmar esta informação. Desta forma, tanto o ato de dizimar quanto o ato de circuncidar faziam parte da Lei ou do Antigo Pacto. A Lei passou, a circuncisão também. E o dízimo?

Em Hebreus 7:1-10, há uma outra referência sobre o dízimo declarando que o mesmo é parte da Lei. Mais adiante, em Hebreus 7:18-19, lemos uma declaração importante que nos informa sobre a debilidade e a ineficácia da Lei. Temos também a informação da introdução de uma esperança superior pela qual podemos nos aproximar de Deus.

Quem confessa que Jesus é o seu salvador está livre de qualquer maldição. Quem crê no evangelho está livre da Lei e por extensão da maldição “Cristo nos resgatou da maldição da Lei” (Gálatas 3.13).

O fato de Abraão ter pago o dízimo antes da instituição da Lei dada a Moisés por Deus, não justifica a obrigatoriedade dos cristãos atuais serem dizimistas. Abraão deu o dízimo a Melquisedeque de despojos que ele conquistou na guerra, sendo que, naquela época era um costume e não uma instituição divina.

O dízimo se tornou uma instituição divina no Antigo Pacto sendo uma obrigação aos filhos de Israel. Assim, houve a necessidade do estabelecimento de uma orientação e finalidade para se contribuir com os dízimos.

Hoje, no Novo Pacto, não estamos obrigados a contribuir com o dízimo por ordenança. Também não estamos presos na alíquota de 10% (dez por cento) do nosso rendimento mensal, pois, “Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria” (II Coríntios 9.7). Desta forma, nós temos a liberdade de contribuir para a manutenção de nossa igreja com aquilo que propormos em nossos corações.

Não vivemos mais sobre as ordenanças da Lei, no entanto, vivemos num Novo Pacto muito mais perfeito. Por isso, devemos ser generosos em contribuir para a obra de Deus, para a nossa igreja. Hoje, não somos mais constrangidos a dizimar mas, em Cristo somos levados a agir e contribuir com amor.

Hoje somos abençoados porque contribuímos voluntariamente e com sobriedade. Quem ama se preocupa com a manutenção da sua igreja, sendo que, dentro dessa manutenção, inclui as necessidades básicas da família do nosso pastor. Lembre-se que Jesus é o pastor dos pastores e são estes pastores que nos orientam espiritualmente a trilhar o caminho da salvação em Jesus Cristo.

Na dispensação da graça somos abençoados porque tudo que fazemos, fazemos como se fosse para nosso Deus “Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens” (Colossenses 3.23). Portanto, vamos honrar a Deus com as primícias do nosso trabalho, lembrando que o nosso trabalho já é uma benção de Deus, e assim, contribuir com regularidade para que nada falte em nossas igrejas é uma forma de agradecer a Deus pelas bençãos recebidas.

A lei implicava em sacrifício, a graça implica em amor, generosidade e desprendimento.

Celso Novaes